PEN-PLOTTED PAINTINGs
A series of digital paintings rendered With A DRAWING ROBOT +
About
This series of works explores the material and semiotic valences of the pen plotter, a (supposedly) "obsolete" technology consisting of a computer-controlled plotter that prints lines with pens. Currently enjoying a revival in DIY and maker culture, the pen plotter's roots date back to the 18th century (with the seismograph by Italian geologist, mathematician, and physicist Andreas Bina), becoming a popular form of printing in the 1960s, which eventually fell out of fashion with technological progress in the following decades.
In November 2020, I presented the first series of plotted paintings at my doctoral exhibition. Through a custom methodology, which I developed and perfected over months of hands-on experimentation in the studio with a commercially available pen plotter, I was able to materialize intricate digital images using Japanese archival ink pens on paper. Since pen plotters were originally designed to draw single, simple lines (for example, replicating someone's signature on multiple documents), using them to obtain large patches of color entails a complex process in itself that challenges the limits of this technological medium. The seemingly flat surfaces of the "paintings" actually contain hundreds of meters of lines drawn over dozens of hours, amounting to more than a week of uninterrupted machine operation for 100 x 140cm works (the maximum format I worked on for the exhibition).
Starting from a basic unit of drawing—the line—as well as the classical technique of cross-hatching (each color results from the dense intersection of vertical and horizontal lines), the pen paintings inhabit the thresholds of the pictorial and the graphic, the analog and the digital, the precision of the machine and the proverbial artist's touch, and interweave various cultural, temporal, and aesthetic scales. Moreover, contrary to what one might assume, drawing with a robotic arm is not just passive execution. Like traditional studio work, mechanical and computerized mediation demands from the human "in charge" a resilience to accidents and mistakes, in a transformative cyborgian partnership that, paradoxically, may even expand the meanings of the image and its emotional reach.
Thematically, I focused on the intersections of the concept of "glitch" with the sparkle-vomit, cute, and fantasy aesthetics typical of digital folklore and the Internet, as an imaginative resource and recurrent guerrilla tactic in cyberfeminism, reflecting changing configurations and relationships of gender, technology, and identity. The compositions are amalgamations of anime characters, hearts, butterflies, doodles, text fragments, glitter, and so on. Some images include other types of more tangible "dirty" matter, such as photographs of trash on the street, graffiti on walls, or of various painted leftovers collected in my studio, which I digitally incorporated into the compositions that are then plotted. The restricted palette of seven colors allows for endless variations from a primitive chromatic scheme, evoking the brutalist innocence of early computer graphics.
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Esta série de trabalhos explora as valências materiais e semióticas da pen plotter, uma tecnologia (supostamente) "obsoleta" que consiste numa impressora plotter controlada por computador que imprime linhas com canetas. Desfrutando, atualmente, de um renascimento na cultura DIY e maker, as raízes da pen plotter datam do século XVIII (com o sismógrafo do geólogo, matemático e físico italiano Andreas Bina), tendo-se tornado numa forma de impressão popular nos anos 60, que acabou por cair em desuso com o progresso tecnológico nas décadas seguintes.
Em Novembro de 2020, apresentei uma primeira série de pinturas “plotadas” (plotted) na minha exposição doutoral. Através de uma metodologia personalizada, que desenvolvi e aperfeiçoei ao longo de meses de experiências práticas no atelier com uma pen plotter disponível comercialmente, consegui materializar imagens digitais intrincadas utilizando canetas de tinta de arquivo japonesas sobre papel. Como as pen plotters foram concebidas, originalmente, para desenhar linhas individuais e simples (por exemplo, replicar a assinatura de alguém em múltiplos documentos), usá-las para obter grandes manchas de cor implica um processo complexo em si mesmo, que desafia os limites deste meio tecnológico. As superfícies aparentemente planas das “pinturas” contêm, na realidade, centenas de metros de linhas desenhadas ao longo de dezenas de horas, que totalizam mais de uma semana de funcionamento ininterrupto da máquina para obras de 100 x 140cm (o formato máximo em que trabalhei para a exposição).
Partindo de uma unidade básica do desenho – a linha –, bem como da técnica clássica da trama (cada cor resulta do cruzamento densíssimo de linhas verticais e horiziontais), as pen-plotted paintings habitam os limiares do pictórico e do gráfico, do analógico e do digital, da precisão da máquina e do proverbial toque do artista, e interlaçam várias escalas culturais, temporais e estéticas. Ademais, ao contrário daquilo que se poderia presumir, desenhar com um braço robótico não é meramente uma execução passiva. Tal como o trabalho de atelier tradicional, a mediação mecânica e computorizada exige do "responsável" humano uma resiliência aos acidentes e erros, numa parceria ciborguiana transformadora que, paradoxalmente, pode até ampliar o significado da imagem e o seu alcance emocional.
Tematicamente, debrucei-me sobre as intersecções da noção de “glitch” com as estéticas sparkle-vomit, cute e de fantasia típicas do folclore digital e da Internet, como recurso imaginativo e tática de guerrilha recorrente no ciberfeminismo, refletindo configurações e relações mutáveis entre género, tecnologia e identidade. As composições são amálgamas de personagens de animé (animação japonesa), corações, borboletas, rabiscos, fragmentos de textos, glitter, e assim por diante. Algumas imagens incluem outros tipos de matérias "sujas" mais palpáveis, como fotografias de lixo na rua, graffiti em paredes, ou de vários materiais pintados recolhidos no meu atelier, que integrei digitalmente nas composições que depois foram “plotadas”. A paleta restringida a sete cores permite infinitas variações a partir de um esquema cromático primitivo, evocando a inocência brutalista dos primeiros gráficos de computador.